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Dia Nacional de Combate ao Fumo: Odontologia X Tabagismo

Publicado em 29/08/2017

O uso constante de tabaco é um fator de risco para uma série de doenças bucais, e comprovadamente prejudicial à saúde do ser humano e, especialmente, da boca. Os principais danos à boca causados pelo fumo são: o câncer bucal, a doença periodontal e a halitose, manchas nos dentes, língua e mucosas. As defesas do organismo diminuem, tanto sistêmicas quanto locais, o que prejudica a cicatrização de feridas e a osteointegração de implantes dentários. Uma das causas de mau hálito são os produtos da combustão do tabaco, os odores da fumaça inalada são expelidos durante a fala e a respiração. O uso de cigarro, charuto, cachimbo, maconha ou tabaco mascado, juntamente a uma má higiene da boca, da língua e à presença de doença periodontal, torna o hálito desagradável. A diminuição do fluxo salivar é outro problema causado por essas substâncias, o que diminui a “limpeza” fisiológica do próprio organismo, aumentando a halitose do paciente. E não é só isso...
DOENÇA PERIODONTAL X PERDA DOS DENTES: A doença periodontal é uma inflamação da gengiva ou dos tecidos de suporte dos dentes,que pode levar à reabsorção óssea alveolar, ao aumento da mobilidade dental, à exposição das raízes e perda dos dentes. Sua principal causa é o acúmulo de placa bacteriana nas superfícies dos dentes, composta principalmente por bactérias que produzem toxinas destruindo os tecidos de suporte dos dentes. A periodontite afeta o osso, causando aumento da mobilidade e até a perda dos dentes. Fumantes têm mais acúmulo de placa do que não-fumantes e as bactérias presentes nessa placa são mais agressivas, causando formas mais graves de doença periodontal. A gravidade da doença periodontal está associada com a duração e a quantidade de cigarros fumados por dia.

FUMANTE X NÃO FUMANTE: O uso do tabaco causa aproximadamente 50 doenças diferentes , e um fumante adoece em média 3 vezes mais que um não-fumante. Na composição do cigarro estão mais de 4.720 substâncias, entre elas mais de 60 são capazes de causar danos ao nosso organismo. Na boca, o cigarro agride as células da mucosa diminuindo sua capacidade de cicatrização e de defesa e deixando-a mais sujeita à ação de bactérias, vírus e fungos, além de conter substâncias carcinogênicas que aumentam a probabilidade do desenvolvimento de câncer bucal.

DENTES E GENGIVAS ESCUROS: Dentre os componentes do cigarro está a nicotina, que se acumula nas superfícies dos dentes, deixando uma pigmentação escura. Essa pigmentação é chamada de melanose do fumante. A nicotina do cigarro estimula a produção de melanina, causando manchas acastanhadas, principalmente nas gengivas e nas comissuras e nas bochechas dos fumantes. As mulheres são mais afetadas, e há indicios que tal fato se deva aos hormônios femininos. As pigmentações ocorrem mais em fumantes inveterados. Com a cessação do hábito de fumar essas manchas desaparecem gradativamente, mas pode levar até três anos para que isso ocorra.

DIMINUIÇÃO DE SALIVA: A saliva é muito importante para a proteção da boca, do epitélio gastrointestinal e da orofaringe. Nela estão substâncias que participam da limpeza da boca e do equilíbrio da microflora bucal. Sua diminuição aumenta o risco de cáries e a propensão à candidose bucal. O cigarro diminui a secreção salivar, deixa uma sensação de boca seca, denominada xerostomia, o que provoca dificuldade na mastigação, deglutição e fonação, além de tornar a mucosa bucal mais sensível, o que pode levar a feridas na boca e fissuras na língua.

CÂNCER BUCAL: O tabagismo está associado aos cânceres de lábio e da cavidade bucal, faringe, laringe e esôfago. Dependendo do tipo e da quantidade usada, os fumantes apresentam maior probabilidade de desenvolver câncer de boca do que os não-fumantes. Se a pessoa deixa de fumar esse risco diminui, mas somente após 10 anos sem fumar terá o mesmo risco de desenvolver a doença que uma pessoa que nunca fumou.
A causa do câncer depende de uma série de fatores sistêmicos, como doenças sistêmicas e deficiências nutricionais, e de fatores externos onde o indivíduo se expõe voluntariamente, como o fumo, o álcool e os raios solares. Entre os pacientes que morrem em decorrência de câncer da cavidade bucal, 90% são fumantes. O câncer de lábio é mais freqüente em pessoas de pele clara onde a exposição ao sol é por muito tempo e sem proteção. A maioria dos casos ocorre no lábio inferior e aparece como uma ulceração indolor, endurecida, rígida e encrostada no vermelhão do lábio inferior. Na boca, as áreas mais afetadas são a língua e o assoalho da boca. Inicialmente, as lesões aparecem como pequenas feridas indolores que não cicatrizam, aumentos de volume ou manchas esbranquiçadas ou avermelhadas. O fumante tem alterações no olfato e no paladar dos alimentos, com atrofia das papilas gustativas do dorso da língua, ocorrendo diminuição do paladar, principalmente de alimentos salgados.

TRATAMENTOS: Mais importante que tratar é prevenir, orientar o paciente dos riscos para sua saúde e estimulá-lo a parar de fumar. O dentista tem que estar ciente de sua importância como profissional de saúde sempre colaborando com campanhas antitabagistas e fazendo o diagnóstico precoce de lesões bucais, aumentando assim a chance de cura dos pacientes e diminuindo as sequelas dos tratamentos. O fumante deve realizar visitas ao dentista periodicamente, fazendo um acompanhamento dos dentes, gengivas e principalmente da mucosa bucal. Existem tratamentos periodontais e restauradores para limitar os danos causados pelo cigarro e pela má higiene bucal. As manchas nos dentes podem ser removidas por limpeza profissional e clareamento dental, desde que o paciente pare de fumar.

ESTOMATOLOGISTA: É o profissional cirugião-dentista especializado, capaz de identificar lesões cancerizáveis e realizar biópsias ou coleta de células da lesão para um correto diagnóstico e realização dos tratamentos necessários.

AUTO-EXAME: É outra arma importante que o paciente tem na prevenção do câncer bucal. Ele é feito pelo próprio paciente diante de um espelho, em ambiente iluminado, inspecionando-se todas as superfícies da boca, principalmente parte posterior da língua e assoalho bucal. O paciente deve procurar:
- Feridas ou úlceras que não cicatrizem por mais de 15 dias;
- Manchas ou placas esbranquiçadas que não são removidas por raspagem;
- Manchas ou placas avermelhadas;
- Lesões nodulares, endurecidas;
- Inchaços na boca ou no pescoço.
Esse exame não substitui o exame feito por um profissional especializado. Mesmo se você não encontrar nenhuma alteração, não deixe de consultar um cirurgião-dentista pelo menos uma vez ao ano.

PREVENÇÃO DO CÂNCER BUCAL: 
 - Reduzir o uso do cigarro e se possível até mesmo abandoná-lo.
- Deve-se lembrar que os danos são proporcionais à quantidade de cigarros fumados.
- Evitar a associação do fumo com o álcool, pois este aumenta os efeitos nocivos do cigarro.
- Ter uma alimentação saudável, consumindo frutas, legumes e verduras.
- É essencial realizar consultas periódicas com o cirurgião-dentista e manter uma boa higiene bucal.